" E é agora que vamos assistir a algo totalmente inédito (suponho) nas nossas vidas: uma conversa entre uma frase e um director de escola.
— Como vê (!), estou completamente atarantado. Nunca falei com uma frase
— Não há qualquer problema. Não esteja preocupado. Vai ver que, depois de eu começar a falar, todos ficarão tão interessados no que eu tenho para lhes dizer, que até se esquecerão de que sou uma frase que está a falar.
— Não sei, não sei...
A frase, se tivesse braços e mãos, estaria quase com vontade de dar umas pancadinhas nas costas do Director para o acalmar.
— Não sei e, de qualquer modo, preciso de ter uma ideia prévia do conteúdo do seu discurso, — quase se descaía a dizer: — Dona Frase!
— Compreendo, mas, sabe, eu não sou dada a fazer planos, a levar os discursos escritos. Sou mais dada ao improviso. Só lhe posso adiantar o tema.
— Venha ele!
— Anda tudo à roda das palavras...
— Das palavras? Mas a Dona Frase é linguista? Ou poeta? […]"
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