terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

segredo


Esta noite morri muitas vezes, à espera

de um sonho que viesse de repente

e às escuras dançasse com a minha alma

enquanto fosses tu a conduzir

o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,

toda a espiral das horas que se erguessem

no poço dos sentidos. Quem és tu,

promessa imaginária que me ensina

a decifrar as intenções do vento,

a música da chuva nas janelas

sob o frio de fevereiro? O amor

ofereceu-me o teu rosto absoluto,

projectou os teus olhos no meu céu

e segreda-me agora uma palavra:

o teu nome - essa última fala da última

estrela quase a morrer

pouco a pouco embebida no meu próprio sangue

e o meu sangue à procura do teu coração.

Fernando Pinto do Amaral

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