sábado, 12 de março de 2011

para abolir a noite


Não sei para que lado da noite me hei-de virar

onde esconder de ti o rio de fogo das lágrimas

quase a transbordar e acendo mais um cigarro

e falo atabalhoadamente de um futuro qualquer

e suspiro de alívio porque não ouves o que digo

ou se calhar também não sabes onde te esconderes

esperamos que se ilumine o lado certo da noite

é quando se esgotam as palavras e os silêncios

e a minha mão procura a tua que a recebe

e a noite se unifica e todos os rios secam

menos um por onde navegamos

para abolir a noite.


Carlos Alberto Machado


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