"Nós nascemos para ter asas, meus amigos.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas.
No entanto, em épocas remotas vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas assim como se gastam tostões.
Cortaram-nos as asas como se fôssemos apenas operários obedientes,
estudantes atenciosos, leitores ingénuos de notícias sensacionais, gente
pouca, pouca e seca.
Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e
de coisas transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem mesmo
depois de cortadas e, novamente cortadas de novo voltam a ser.
Aceitemos essa hipótese, apesar de não termos dela qualquer confirmação prática.
Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair."
ASAS - José Fanha, 1985, Cartas de Marear
Sem comentários:
Enviar um comentário