Eu canto porque o instante
existe
e a minha vida está
completa.
Não sou alegre nem sou
triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei
se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é
tudo.
Tem sangue eterno a asa
ritmada.
E um dia sei que estarei
mudo:
— mais nada.
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