quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

 

AS PEDRAS

As pedras falam? pois falam

mas não à nossa maneira,

que todas as coisas sabem

uma história que não calam.

 

Debaixo dos nossos pés

ou dentro da nossa mão

o que pensarão de nós?

O que de nós pensarão?

 

As pedras cantam nos lagos

choram no meio da rua

tremem de frio e de medo

quando a noite é fria e escura.

 

Riem nos muros ao sol,

no fundo do mar se esquecem.

Umas partem como aves

e nem mais tarde regressam.

 

Brilham quando a chuva cai.

Vestem-se de musgo verde

em casa velha ou em fonte

que saiba matar a sede.

 

Foi de duas pedras duras

que a faísca rebentou:

uma germinou em flor

e a outra nos céus voou.

 

As pedras falam? pois falam.

Só as entende quem quer,

que todas as coisas têm

um coisa para dizer.

 

Maria Alberta Menéres

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