É sábado à tarde no centro comercial. Muita gente, um barulho ensurdecedor, um calor
asfixiante. De repente, ouve-se um grito cortante. Aquele som
desagradável ecoou na minha cabeça. Parei. Toda
a gente parou. O barulho parou. O grito parou.
Um silêncio
profundo instalou-se no centro comercial até que foi cortado por outro grito
estridente e desesperado! Mais uma vez, tudo parou. As pessoas começaram a
andar, afastando-se de tudo e de todos. Eu permaneci parada no mesmo lugar.
Decidi
continuar a minha vida. Quando o meu pé se descolou do escuro e frio chão, um
choro suavíssimo sobressaiu no meu das passadas das pessoas. Esse ia-se
tornando cada vez mais alto e violento.
Gritos de
desespero e tortura ressoaram nos meus ouvidos! Não parava! Gritava e chorava
sem parar! Entrei em pânico. Comecei a correr perdida! Procurei a origem do som, mas parecia vir de todas as direções! Parei e
olhei em meu redor. Fiquei espantada! As pessoas continuavam as suas vidas, as
suas compras.
Como era
possível ignorarem um choro terrível e um grito de ajuda? Corri em
direção a um casal. A minha expressão de pânico preocupou-os.
- Não ouvem?
Não ouvem? Porque o ignoram? – Perguntei.
- Está-se a
sentir bem? Não ouvimos o quê? – Responderam eles.
- O GRITO! NÃO
O OUVEM?! – Voltei a questionar.
Gritei isto
com todas as minhas forças. O casal assustado começou a fugir.
Encostei-me
a uma parede e deixei-me escorregar até ao chão. Estaria a
endoidecer? Estaria a imaginar? Estaria doente? Pensei. Só
depois me apercebi que o choro e o grito tinham parado. Os meus olhos perderam
a força e senti-me tão fraca…
O meu corpo
cambaleou para o lado e o meu coração parou.
Era eu. Era eu que gritava. Era eu que precisava de ajuda. Eu
desapareci…
Joana Perestrelo
Profª Alexandra Soares
Sem comentários:
Enviar um comentário