sexta-feira, 11 de maio de 2012

O GRITO


       É sábado  à tarde no centro comercial. Muita gente, um barulho ensurdecedor, um calor asfixiante. De repente, ouve-se um grito cortante. Aquele som desagradável ecoou na minha cabeça. Parei. Toda a gente parou. O barulho parou. O grito parou.
     Um silêncio profundo instalou-se no centro comercial até que foi cortado por outro grito estridente e desesperado! Mais uma vez, tudo parou. As pessoas começaram a andar, afastando-se de tudo e de todos. Eu permaneci parada no mesmo lugar.
Decidi continuar a minha vida. Quando o meu pé se descolou do escuro e frio chão, um choro suavíssimo sobressaiu no meu das passadas das pessoas. Esse ia-se tornando cada vez mais alto e violento.
      Gritos de desespero e tortura ressoaram nos meus ouvidos! Não parava! Gritava e chorava sem parar! Entrei em pânico. Comecei a correr perdida! Procurei a origem do som, mas parecia vir de todas as direções! Parei e olhei em meu redor. Fiquei espantada! As pessoas continuavam as suas vidas, as suas compras.
Como era possível ignorarem um choro terrível e um grito de ajuda? Corri em direção a um casal. A minha expressão de pânico preocupou-os.
     - Não ouvem? Não ouvem? Porque o ignoram? – Perguntei.
     - Está-se a sentir bem? Não ouvimos o quê? – Responderam eles.
     - O GRITO! NÃO O OUVEM?! – Voltei a questionar.
     Gritei isto com todas as minhas forças. O casal assustado começou a fugir.
Encostei-me a uma parede e deixei-me escorregar até ao chão. Estaria a endoidecer? Estaria a imaginar? Estaria doente? Pensei. Só depois me apercebi que o choro e o grito tinham parado. Os meus olhos perderam a força e senti-me tão fraca…
O meu corpo cambaleou para o lado e o meu coração parou.
Era eu. Era eu que gritava. Era eu que precisava de ajuda. Eu desapareci… 
                                                                                                
 Joana Perestrelo      
Profª Alexandra Soares            

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