O DINHEIRO
O dinheiro é
tão bonito,
Tão bonito, o
maganão!
Tem tanta
graça, o maldito,
Tem tanto
chiste, o ladrão!
O falar, fala
de um modo...
Todo ele,
aquele todo...
E elas acham-no
tão guapo!
Velhinha ou
moça que veja,
Por mais
esquiva que seja,
Tlim!
Papo.
E a cegueira da
justiça
Como ele a tira
num ai!
Sem lhe tocar
com a pinça;
E só dizer-lhe:
«Aí vai...»
Operação melindrosa,
Que não é lá
qualquer coisa;
Catarata, tome
conta!
Pois não faz
mais do que isto,
Diz-me um juiz
que o tem visto:
Tlim!
Pronta.
(...)
João
de Deus, in 'Campo de Flores'
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