segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014


Balada Astral – Miguel Araújo (com Inês Viterbo)

  



Quando Deus pôs o mundo
 E o céu a girar
 Bem lá no fundo
 Sabia que por aquele andar
 Eu te havia de encontrar

Minha mãe, no segundo
 Em que aceitou dançar
 Foi na cantiga
 Dos astros a conspirar

Que do seu cósmico vagar
 Mandaram o teu pai
 Sorrir pra tua mãe
 Para que tu
 Existisses também

Era um dia bonito
 E na altura, eu também
 O infinito
 Ainda se lembrava bem
 Do seu cósmico refém

Eu que pensava
Que ia só comprar pão
Tu que pensavas
Que ias só passear o cão
A salvo da conspiração
Cruzámos caminhos,
Tropeçámos num olhar
 E o pão nesse dia
Ficou por comprar

Ensarilharam-se
As trelas dos cães,
Os astros, os signos,
Os desígnios e as constelações
As estrelas, os trilhos
E as tralhas dos dois.

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