"O definitivo
sinal da liberdade é o facto de o medo deixar espaço ao gozo tranquilo da
independência".
Stig Dagerman (1923-54), escritor sueco.
A gaivota já poisou em
todos os meus versos
trazendo sempre uma
promessa de distâncias irreais.
Chega com o mau tempo. Fica
de vigia.
Apenas uma brisa leve lhe
arrepia
o desenho solene e rigoroso
que compõe à beira do cais.
Há mundos insondáveis no
riso que me lança
e que acende no meu peito
uma criança com desejo
de improváveis desarrumos
tropicais.
Quando abrir de novo as
asas e partir
em busca de outros
continentes, outras ilhas
deixará na praia do poema
alguma pena
e o mapa confuso de pegadas
andarilhas.
Digo adeus e fico a vê-la
a afastar-se lentamente no
azul
e repito para mim próprio
e juro e volto a jurar
que um dia abro a janela
e vou com ela
viajar
José Fanha, Poemas com animais
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