domingo, 30 de novembro de 2025



 Na penumbra delicada da Biblioteca Escolar, há um encanto que só desperta verdadeiramente quando os leitores atravessam o seu limiar. As estantes, erguidas como guardiões de memórias longínquas, parecem inclinar-se num leve cumprimento quando dedos curiosos percorrem as suas lombadas. É então que os livros, tão pacientes na sua quietude, respiram de novo, como se uma brisa súbita lhes abrisse as janelas da alma.

É um privilégio acolher leitores. Eles trazem consigo a elegância natural de quem procura mundos novos, e o seu simples murmúrio transforma o espaço. O suave virar das páginas soa a seda a deslizar; o silêncio que se instala não é ausência, mas presença, um silêncio vivo, atento, que envolve cada mesa como um véu de veludo.

Quando os leitores chegam, a Biblioteca desperta para a sua vocação mais nobre. Deixa de ser apenas um refúgio de livros e torna-se palco de encontros luminosos: entre o pensamento e a fantasia, entre a pergunta e o deslumbramento, entre o jovem leitor e a herança imensa da imaginação humana. Cada livro aberto é uma porta entreaberta para outros séculos; cada leitor, um viajante que parte com humildade e regressa enriquecido.

Por isso, ter leitores é ter alma. É sentir que a palavra escrita continua a florescer, que o espírito encontra repouso e aventura em igual medida, que a esperança — essa frágil companheira, ganha nova força na mão de quem lê. E, no mais gracioso dos silêncios, a Biblioteca sorri, como quem sabe que cada leitura é uma pequena vitória sobre o esquecimento.


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