É um privilégio acolher leitores. Eles trazem consigo a
elegância natural de quem procura mundos novos, e o seu simples murmúrio
transforma o espaço. O suave virar das páginas soa a seda a deslizar; o
silêncio que se instala não é ausência, mas presença, um silêncio vivo, atento,
que envolve cada mesa como um véu de veludo.
Quando os leitores chegam, a Biblioteca desperta para a sua
vocação mais nobre. Deixa de ser apenas um refúgio de livros e torna-se palco
de encontros luminosos: entre o pensamento e a fantasia, entre a pergunta e o
deslumbramento, entre o jovem leitor e a herança imensa da imaginação humana.
Cada livro aberto é uma porta entreaberta para outros séculos; cada leitor, um
viajante que parte com humildade e regressa enriquecido.
Por isso, ter leitores é ter alma. É sentir que a palavra
escrita continua a florescer, que o espírito encontra repouso e aventura em
igual medida, que a esperança — essa frágil companheira, ganha nova força na
mão de quem lê. E, no mais gracioso dos silêncios, a Biblioteca sorri, como
quem sabe que cada leitura é uma pequena vitória sobre o esquecimento.


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