segunda-feira, 11 de novembro de 2013



O RECREIO

 Na minha Alma há um balouço
 Que está sempre a balouçar ---
 Balouço à beira dum poço,
 Bem difícil de montar...

 E um menino de bibe
 Sobre ele sempre a brincar...

 Se a corda se parte um dia
 (E já vai estando esgarçada),
 Era uma vez a folia:
 Morre a criança afogada...

--- Cá por mim não mudo a corda,
 Seria grande estopada...

 Se o indez morre, deixá-lo...
 Mais vale morrer de bibe
 Que de casaca... Deixá-lo
 Balouçar-se enquanto vive...

--- Mudar a corda era fácil...
 Tal ideia nunca tive...

Mário de Sá-Carneiro, Poesias, Verbo, 2009

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