PRIMAVERA
Namorou-se
uma princesa
Dum pajem loiro e gentil;
Chama-se ela – Natureza,
Chama-se o pajem – Abril.
A Primavera opulenta,
Rica de cantos e cores,
Palpita, anseia, rebenta
Em cataclismos de flores.
(…)
Tudo ri e brilha e canta
Neste divino esplendor:
O orvalho, o néctar da planta
O aroma, a língua da flor.
Enroscam-se aos troncos nus
As verdes cobras da hera.
Radiosos vinhos de luz
Cintilam pela atmosfera.
Entre os loureiros das matas,
Que crescem para os heróis,
Dá o luar serenatas
Com bandas de rouxinóis.
É a terra um paraíso,
E o céu profundo lampeja
Com o inefável sorriso
Da noiva ao sair da igreja.
Guerra
Junqueiro
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