O escritor Günter Grass morreu esta segunda-feira, aos 87 anos, num
hospital de Lübeck, onde fora internado com uma infeção respiratória. Prémio Nobel da
Literatura em 1999, 40 anos após ter publicado um dos mais
extraordinários primeiros romances da literatura universal, O Tambor de Lata (1959), Grass foi, mais do que nenhum
outro autor alemão seu contemporâneo, a memória e a consciência crítica da
Alemanha do século XX.
Tinha acabado há
poucos dias de terminar um livro de contos, poemas e desenhos, estava “cheio de
planos literários” para o futuro próximo, e a sua morte apanhou os mais
próximos de surpresa, disse ao PÚBLICO a diretora do Instituto Alemão de
Lisboa, Claudia Hann-Rabe, que logo após a morte do escritor falou com a
secretária de Grass. “Estava de férias, voltou a Lübeck [onde há muito se radicara]
para se tratar desta infeção respiratória, tomou antibióticos durante um dia ou
dois, e morreu de forma completamente inesperada”, diz Claudia Hann-Rabe.
Considerado o
porta-voz de uma geração de alemães, Günter Grass foi um acérrimo defensor da
esquerda política, tendo-se manifestado por exemplo contra as intervenções
militares no Iraque. Mais recentemente, o escritor chegou a escrever um poema
de apoio à Grécia na sequência da crise do euro em que a Europa mergulhou, onde
lembrava em 12 estrofes de apenas dois versos, que foi a Grécia que “concebeu”
a Europa e onde tecia críticas a Ângela Merkel por considerar a austeridade a
única via possível.
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