O CANTO DAS PALAVRAS Blogue das Bibliotecas Escolares Agrupamento de Escolas D. Manuel I - Tavira
sexta-feira, 30 de julho de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
vá a banhos e leve um livro

domingo, 18 de julho de 2010
em tempo de "pic-nics"...

Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, indo o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
CESÁRIO VERDE - 1855/1886
UMA PRENDA BOA



sábado, 17 de julho de 2010
A BE/CRE AGRADECE AO 7ºE

Num singelo gesto de agradecimento foi oferecido a cada aluno um diploma, que poderá ser arquivado para mais tarde relembrar tão nobre iniciativa...
domingo, 11 de julho de 2010
toda a gente sabe que a noite é longa...
Não há motivo para te importunar a meio da noite,
como não há leite no frigorífico, nem um limite
traçado para a solidão doméstica.
Tudo desaparece. Nada desaparece. Tudo desaparece
antes de ser dito e tu queres dormir descansada. Tens
direito a um subsídio de paz.
Se eu escrever um poema, esse não é motivo para te
importunar. Eu escrevo muitos poemas e tu trabalhas
de manhã cedo.
Toda a gente sabe que a noite é longa. Não tenho o
o direito de telefonar para te dizer isso, apesar dessa
evidência me matar agora.
E morro, mas não morro. Se morresse, perguntavas:
porque não me telefonaste? Se telefonasse, perguntavas:
sabes que horas são?
Ou não atendias. E eu ficava aqui. Com a noite ainda
mais comprida, com a insónia, com as palavras
a despegarem-se dos pesadelos.
José Luís Peixoto
-Gaveta de Papéis - 2008
Música: Nine Inch Nails - Ghosts I ;
Personagens:Vítor Costa e Daniela Gigante
A ESCRITA É O DESCONHECIDO

É o desconhecido de nós mesmos, da nossa cabeça, do nosso corpo. Não é sequer uma reflexão, escrever é uma espécie de faculdade que temos ao lado da nossa pessoa, paralelamente a ela, de uma outra pessoa que aparece e que avança, invisível, dotada de pensamento, de cólera, e que, por vezes, pelos seus próprios factos, está em perigo de perder a vida.
Se soubéssemos alguma coisa do que vamos escrever, antes de o fazer, antes de escrever, nunca escreveríamos. Não valeria a pena.
Escrever é tentar saber aquilo que escreveríamos se escrevêssemos - só o sabemos depois - antes, é a interrogação mais perigosa que nos podemos fazer. Mas é também a mais corrente. "
Marguerite Duras, in "Escrever"
quarta-feira, 7 de julho de 2010
EM JEITO DE HOMENAGEM...

Eu fui ao cabeleireiro
E pedi:
- Faça-me uma mise por favor.
E o cabeleireiro respondeu:
- Com certeza, Mademoiselle!
Passadas duas horas,
Muita água quente, shampoo frio, tesouras, pentes, ganchos e calor
O cabeleireiro, ao fim, deu-me um espelhinho oval
Para as mãos
E disse:
- Tenha a bondade de olhar, Mademoiselle.
E eu tive a bondade; olhei o espelhinho oval
E mais o grande que já tinha em frente.
E falei para o espelhinho oval:
- Boa tarde, Senhora Dona.
Donde é que eu a conheço?
E o cabeleireiro, então, pôs muito fixador
Pf...Pf...Pf...Pf...Pf...
e eu cresci muito naquele dia.
terça-feira, 6 de julho de 2010
À ESCRITORA COM UMA FLOR NO NOME


Matilde Rosa Araújo nasceu a 21 de Junho de 1921, e faleceu hoje, terça-feira, aos 89 anos, em casa, em Lisboa.
Destacou-se por uma vida dedicada aos problemas e aos direitos das crianças, temáticas que se reflectiram na sua obra; abordou a infância em três perspectivas-base: a infância feliz, a infância agredida e a infância como projecto.
Galardoada com o prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996, ao livro de poemas "Fadas Verdes", tem obra marcante, também, na literatura para adultos, nomeadamente com contos e poesia.
Os mais de 20 livros para crianças que publicou colocam a tónica na obra para os mais novos, o que lhe valeu, ainda, o Grande Prémio de Literatura para Criança da Fundação Calouste Gulbenkian, “ex-aequo” com Ricardo Alberty, em 1980; e o prémio para o melhor livro estrangeiro, com "O Palhaço Verde", atribuído pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, Brasil, em 1991.
Matilde Rosa Araújo recebeu, também, o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em Maio de 2004.
Um texto inédito de Matilde Rosa Araújo, intitulado "Florinda e o Pai Natal", vai ser editado, a título póstumo, em Outubro pela Calendário.