sexta-feira, 28 de março de 2014



Creio nos anjos que andam pelo mundo 


creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,

creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,

creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. Amém.


Natália Correia

quinta-feira, 27 de março de 2014

Hoje é o Dia Mundial do Teatro

 A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Charles Chaplin

quarta-feira, 26 de março de 2014



No início, era uma mania escondida. Escrever era só um porto para encostar minhas internas comichões. Numa manhã, apanhei-me a querer esvoaçar sentimentos, como direi? Desengaiolar-lhes. Depois sim, vieram as estórias.
Eram tantíssimas. Eu era uma própria estória em movimento. Acusavam-me: você inventa...! Minha desatenção no escutar desembocava em meus aumentos no contar. Minha avó sorria, ela me estava a espreitar essa mania. E eu mesmo gostava de fazer colagens das estórias dos mais velhos – meu barro prematuro.
Então pus novas máscaras nas mentirinhas e nas invenções espontâneas e atrevi-me a escrevinhar. Desatei – com o coração – a admirar grandes artífices das letras. Surpreendi-me, intimidei-me: essas pessoas já cutucaram toda beleza do mundo..., eu sou o mais atrasado!
Mas nesse sítio mágico – a Humanidade, encontrei alguns simples mestres literários. Um me disse abruptamente: vá mas é buscar seus próprios universos, não olhe de lado. Cada búzio, cada concha!

Aceitei-me. Minhas memórias, meus laços, minhas lágrimas. Li outros como quem cumprimenta mais velhos; e mesmo sem conhecer, entrei em conversações com alguns deles. Tudo numa contínua estreia da descoberta: a literatura me era já muito sagrada.
Estes momentos de aqui são tão «eu» que quase me encabula espreitar-lhes. Acompiladas salteadamente no tempo, estas estórias é que me sentenciaram: nós somos seu primeiro livro. Você, inversamente, é que renasceu nas nossas costas. Nunca mais deixámos de nos boleiar mutuamente, estóriasieu.
E – quando senti as palavras do Eduardo White acenderem-me uma deliciosa comichão, entrei em tréguas comigo mesmo: dentro tens alguém que te procura e que acordado te faz sonhar. Dentro, é no coração. Afinal, murmurei-me, esse «momento» chamado coração é o «aqui» mais próximo de cada um.


Assim me confesso.

Ondjaki


Este é o motivo de quem escreve como e com Ondjaki – desengaiolar sentimentos. E descobrir que todos voam, não havendo pequenos nem grandes. Essa visitação aos muitos que somos, às múltiplas dimensões da nossa existência: é esta a razão de ler estes Momentos de Aqui. 


Mia Couto





BOM DIA CAMARADAS
(romance)

"MAS, CAMARADA ANTÓNIO, tu não preferes que o país seja assim livre?"
Eu gostava de fazer essa pergunta quando entrava na cozinha. Abria a geleira, tirava a garrafa de água. Antes de chegar aos copos, já o camarada António me passava um. As mãos dele deixavam no vidro umas dedadas de gordura, mas eu não tinha coragem para recusar aquele gesto. Servia-me, bebia um golo, dois, e ficava à espera da resposta dele. O camarada António respirava primeiro. Fechava a torneira depois. Limpava as mãos, mexia no fogo do fogão. Então, dizia:
— Menino, no tempo do branco isto não era assim...
Depois, sorria. Eu mesmo queria era entender aquele sorriso. Tinha ouvido histórias incríveis de maus tratos, de más condições de vida, pagamentos injustos, e tudo mais. Mas o camarada António gostava dessa frase dele a favor dos portugueses, e sorria assim tipo mistério.
— António, tu trabalhavas para um português?
— Sim... — sorria. — Era um senhor diretor, bom chefe, me tratava bem mesmo...


 Ondjaky




Os Memoráveis - JORGE, LÍDIA

Uma revisitação literária aos mitos fundadores da Revolução e da Democracia.
Em 2004, Ana Maria Machado, repórter portuguesa em Washington, é convidada a fazer um documentário sobre a Revolução de 1974, considerada pelo embaixador americano à época em Lisboa como um raro momento da História. Aceitado o trabalho, regressa, contrata dois antigos colegas, e os três jovens visitam e entrevistam vários intervenientes e testemunhas do golpe de Estado, revisitando os mitos da Revolução. Um percurso que permite surpreender o efeito da passagem do tempo não só sobre esses “heróis”, como também sobre a sociedade portuguesa, na sua grandeza e nas suas misérias. Transfiguradas, como se fossem figuras sobreviventes de um tempo já inalcançável, as personagens de Os Memoráveis tentam recriar o que foi a ilusão revolucionária, a desilusão de muitos dos participantes e o árduo caminho para uma Democracia. Paralela a esta ação decorre uma outra, pessoal e íntima: a história do pai da protagonista, António Machado, que retrata em privado o destino que se abate sobre todos os outros. Todos vivem na Democracia, uma espécie de lugar de exílio. Mas um dia, todas as misérias serão esquecidas, quando se relatar o tempo dos memoráveis.



HISTÓRIAS À BOCA CHEIA

A festa à volta dos livros e da leitura continua na BE da escola da estação.

Histórias à boca cheia é um conjunto de atividades integradas na Semana da Leitura e na Comemoração do Mês da Saúde Oral, dinamizando o projeto SOBE.
Hoje, foi dia de recebermos a visita dos meninos da sala amarela e da sala verde do Infantário O Eco.
Visitaram uma pequena exposição relacionada com a higiene oral, a partir da qual conversamos acerca de comportamentos saudáveis para conseguir ter uns dentes fortes e brilhantes.
O menino que detestava escovas de dentes, da autoria de Zehra Hicks, editado pela Presença, foi a história que ouviram ler e descobriram que se pode fazer muitas coisas com a escova de dentes… mas o mais importante é escovar os dentes várias vezes ao dia!

domingo, 23 de março de 2014

MUSICANDO...



Cheiro a Café
João Afonso


Uma noite escrevi o teu nome
num café
a cafeteira adormece breve
mesmo ao pé


O mar que passa
pela vidraça
senta-se à mesa
cheira a café


Não me enjeites quando te escrevo
o que à memória me vem
contas contadas, contas da história
que a ninguém devo, a ninguém


Já não vejo razão para calar
as múrmures águas na areia
sobre a praia a maré cheia
enche toda antes de vazar


A noite dura para além da tarde
cerveja com levedura
vaga de espuma entre o meio dia
calma a garganta que arde


O tesouro no ventre do mar
não será para quem mareia
como é bom dormir, acordar
preguiçar em branca açoteia


O sentido que eu tive da vida
num café
o que foi certo para mim um dia
já não o é


O mar que passa
pela vidraça
senta-se à mesa
cheira a café


Cão vadio, cão sem raça
pela rua a vaguear
candeeiro de luz baça
café moído a exalar


À noite os casais devassam
os enigmas duma luz mansa
os sonhos idos de criança

como farrapos soltos que passam.


sábado, 22 de março de 2014

DIA MUNDIAL DA ÁGUA


A Terra é composta principalmente de água, então...
Devemos preocupar–nos em não a contaminar ou privatizar.
A água é um bem comum universal de todos os seres vivos, um bem natural que deve ser preservado.
Defenda-a no Dia da Água e sempre.

sexta-feira, 21 de março de 2014






O Poema Original

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos    quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.

Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.


Ary dos Santos, in “Resumo”


O Dia Mundial da Poesia é hoje celebrado com várias iniciativas em todo o país, desde a leitura de poemas no Museu de Teatro ao concerto dos Penicos de Prata, no Porto, passando por um ‘serão’ no Palácio de Belém.
Hoje, às 14h30, no Museu do Teatro, em Lisboa, ao Lumiar, o ator Sinde Filipe lê poemas de Fernando Pessoa, Cesário Verde e Alexandre O'Neil.

Também às 21h30, no Cinema Passos Manuel, no Porto, o quarteto Penicos de Prata apresenta o espetáculo-concerto de música e poesia erótica e satírica portuguesa, que inclui, entre outros, poemas de António Botto, Carlos Queirós, Ernesto Manuel de Melo e Castro e Liberto Cruz.

À mesma hora, em Abrantes, no Cineteatro S. Pedro, o ator Victor de Sousa apresenta ‘No palco da Poesia - 50 anos a dizer Poesia’, um recital no qual declamará, entre outros, António Botto, Eugénio de Andrade, Vasco de Lima Couto, Alexandre O'Neill, Fernando Pessoa, Sophia Mello Breyner Andresen, António Manuel Couto Viana, Pedro Homem de Mello, Alda Lara, David Mourão-Ferreira e José Carlos Ary dos Santos.

A Companhia de Teatro de Braga (CTB) promove também às 21h30, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, no âmbito do projeto BragaCult2, uma leitura pública da Oficina de Leitura e Interpretação de textos de Autores de Língua Portuguesa, "entre os quais os que são referência nas orientações dos programas das disciplinas de Português e Literatura Portuguesa ou do Plano Nacional de Leitura, com recurso a técnicas de enunciação e jogo de natureza teatral", afirma a CTB em comunicado.

A leitura, coordenada por Sílvia Brito, é realizada por professores e bibliotecários.

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), na mensagem do Dia Mundial da Poesia, defende que "devemos dar a ler, nomeadamente na escola, os nossos poetas, ensinar, com rigor e entusiasmo, textos de quantos, inquirindo a linguagem, exaltaram o Homem e a vida".


Lusa/SOL


quinta-feira, 20 de março de 2014



PRIMAVERA

Namorou-se uma princesa
 Dum pajem loiro e gentil;
 Chama-se ela – Natureza,
 Chama-se o pajem – Abril.
 A Primavera opulenta,
 Rica de cantos e cores,
 Palpita, anseia, rebenta
 Em cataclismos de flores.
 (…)
 Tudo ri e brilha e canta
 Neste divino esplendor:
 O orvalho, o néctar da planta
 O aroma, a língua da flor.
 Enroscam-se aos troncos nus
 As verdes cobras da hera.
 Radiosos vinhos de luz
 Cintilam pela atmosfera.
 Entre os loureiros das matas,
 Que crescem para os heróis,
 Dá o luar serenatas
 Com bandas de rouxinóis.
 É a terra um paraíso,
 E o céu profundo lampeja
 Com o inefável sorriso
 Da noiva ao sair da igreja.


Guerra Junqueiro

UMA HISTÓRIA, UM SORRISO
                     
A biblioteca da escola da estação festejou o Dia do Pai, que este ano integrou a Semana da Leitura, com histórias e sorrisos.
Os pais dos alunos das turmas de 1º ano foram convidados a vir à BE para lerem uma história e receberem um sorriso. Depois de escutarem histórias como Grufalão, Elmer, Histórias das Princesas, A casa da Mosca Fosca, Príncipes e Dragões, os meninos e meninas das turmas A e B agradeceram a todos os pais que partilharam estas histórias com os seus filhos e os colegas de sala. Através de uma história de algibeira, todos compreenderam que o amor entre pai e filho vence todas as distâncias porque é mais forte e muito maior do que as saudades.
Entre histórias, palmas e muitos sorrisos, o Dia do Pai foi celebrado com alegria e boa disposição, na Biblioteca da escola da estação.


quarta-feira, 19 de março de 2014



Os alunos das turmas do 4º ano foram à biblioteca da Escola da Estação para conhecerem Fernando Pessoa, um grande escritor português e mundial do século XX.
A partir do livro de Manuela Júdice, O meu primeiro Fernando Pessoa, os alunos ficaram a saber o percurso que Fernando Pessoa fez, desde o seu nascimento em Lisboa, a 13 de junho de 1888, até ao seu regresso de Durban. Ficaram a conhecer a sua faceta humorística, com os poemas para a infância. Na próxima visita à BE ficarão a conhecer os seus heterónimos, com especial destaque para Álvaro de Campos, nosso conterrâneo.



 Pai,
vens com os olhos cansados,
os dedos gretados,
os pés doridos,
os sonhos moídos.
Onde colheste o sorriso
que me dás
como uma flor?

Luísa Ducla Soares






Ode à bicicleta

Na minha bicicleta de recados
 eu vou pelos caminhos.
 Pedalo nas palavras atravesso as cidades
 bato às portas das casas e vêm homens espantados
 ouvir o meu recado ouvir minha canção.

Na minha bicicleta de recados
 eu vou pelos caminhos.
 Vem gente para a rua a ver a novidade
 como se fosse a chegada
 do João que foi à Índia
 e era o moço mais galante
 que havia nas redondezas.
 Eu não sou o João que foi à Índia
 mas trago todos os soldados que partiram
 e as cartas que não escreveram
 e as saudades que tiveram
 na minha bicicleta de recados
 atravessando a madrugada dos poemas.

Desde o Minho ao Algarve
 eu vou pelos caminhos.
 E vêm homens perguntar se houve milagre
 perguntam pela chuva que já tarda
 perguntam pelos filhos que foram à guerra
 perguntam pelo sol perguntam pela vida
 e vêm homens espantados às janelas
 ouvir o meu recado ouvir minha canção.

Porque eu trago notícias de todos os filhos
 eu trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos
 e um cesto carregado de vindima
 eu trago a vida
 na minha bicicleta de recados
 atravessando a madrugada dos poemas.

Manuel Alegre



terça-feira, 18 de março de 2014


MAR DE LEITURAS

LEITURAS D’ARREGANHA DENTES


A Semana da Leitura foi inaugurada na biblioteca da escola da estação com uma animada sessão de leitura expressiva dinamizada pelos alunos do 4º B: Iara; Cristiana; Filipa; Pedro; Lourenço; Samuel; Madalena; Dinis; Ana Paula; Elisaveta; Tomás Santana e Maria. A apresentação ficou a cargo da Margarida e da Joana e, no final, já fora do alinhamento, o David do 1º ano fez uma surpresa a todos os colegas ao ler como se estivesse a mastigar, um excerto da obra Corre, Corre Cabacinha, da escritora Alice Vieira.
Foram lidos textos de vários géneros e de autores como Luísa Ducla Soares; António Mota; José Jorge Letria e António Torrado.
Na assistência estiveram os alunos do 1º A, da Profª Paula Sol, e os alunos de 1º ano da Profª Fátima Valente, que após cada leitura acabaram por arreganhar os dentes e aplaudir os colegas participantes.
Durante esta comemoração da leitura ainda vão poder assistir a outras atividades a realizar na BE,

            & Um livro para o meu afilhado
& Histórias à boca cheia
            & 1 História, 1 sorriso
            & Poesia Pátria
            & Pomar de palavras
            & Palavras de boca em boca

COMPUMUMANO


CROCOSTRUZ

Trabalho de Diogo Soares, 6ºC

segunda-feira, 17 de março de 2014

COBRACA


DRAGUEIXE

Mariana Basílio, 6ºD

VACALINHA

Mariana Basílio, 6ºD

PEIXANTE


                                          Peixante

                            Metade peixe/metade elefante
O peixante é um mamífero que vive no fundo do Oceano Atlântico e não só tem parece um  peixe como também um elefante. O peixante é muito pesado e tem todas as características necessárias para poder sobreviver fora de água, mas devido ao seu peso não consegue vir à tona. Ele alimenta-se não só à base de pequenos peixes existentes no fundo do oceano, mas também de algas e outras plantas. O seu padrão é muito invulgar, sendo quadriculado, o que não o ajuda na camuflagem.
Mariana Fernandes , 6ºE (texto e desenho)