domingo, 25 de julho de 2010

vá a banhos e leve um livro


FEIRA DO LIVRO, EM TAVIRA

Decorre até dia 3 de Agosto, das 20h às 24h, no Jardim do Coreto, junto à Praça da Ribeira, mais uma edição da Feira do Livro. Aproveite e leve aquele livro que há muito tempo desejava ler, pois por lá abundam livros que já não se encontram nos circuitos normais...

domingo, 18 de julho de 2010

em tempo de "pic-nics"...


Naquele “pic-nic” de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, indo o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!


CESÁRIO VERDE - 1855/1886

UMA PRENDA BOA





A livraria Book-it, no Centro Comercial Gran Plaza de Tavira, ofereceu à nossa Biblioteca alguns livros, como tinha já assumido esse compromisso aquando da sua colaboração no Cantinho da Leitura que decorreu no 1º aniversário do Centro Comercial.
Da generosa lista constam os títulos das imagens, assim como:
"Não me mexas"e "Hora do Banho", de Francesc Rovira
"Os dinosssauros" ; "A recolha do lixo" ; "O jardim de infância" - Colecção Despertar, da Editora Verbo

sábado, 17 de julho de 2010

A BE/CRE AGRADECE AO 7ºE

A Be/Cre agradece ao 7ºE e à sua professora de Língua Portuguesa a iniciativa, organização e realização da Feira do Livro Usado que decorreu em Tavira durante a Semana da Juventude, cuja receita reverteu integralmente para a Biblioteca Escolar, o que permitirá a aquisição de novos materiais (livros, dvd´s, cd´s...).
Num singelo gesto de agradecimento foi oferecido a cada aluno um diploma, que poderá ser arquivado para mais tarde relembrar tão nobre iniciativa...

domingo, 11 de julho de 2010

toda a gente sabe que a noite é longa...


Não há motivo para te importunar a meio da noite,
como não há leite no frigorífico, nem um limite
traçado para a solidão doméstica.

Tudo desaparece. Nada desaparece. Tudo desaparece
antes de ser dito e tu queres dormir descansada. Tens
direito a um subsídio de paz.

Se eu escrever um poema, esse não é motivo para te
importunar. Eu escrevo muitos poemas e tu trabalhas
de manhã cedo.

Toda a gente sabe que a noite é longa. Não tenho o
o direito de telefonar para te dizer isso, apesar dessa
evidência me matar agora.

E morro, mas não morro. Se morresse, perguntavas:
porque não me telefonaste? Se telefonasse, perguntavas:
sabes que horas são?

Ou não atendias. E eu ficava aqui. Com a noite ainda
mais comprida, com a insónia, com as palavras
a despegarem-se dos pesadelos.


José Luís Peixoto
-Gaveta de Papéis - 2008


Música: Nine Inch Nails - Ghosts I ;

Personagens:Vítor Costa e Daniela Gigante

A ESCRITA É O DESCONHECIDO


"A escrita é o desconhecido. Antes de escrever não sabemos nada acerca do que vamos escrever. Com toda a lucidez.
É o desconhecido de nós mesmos, da nossa cabeça, do nosso corpo. Não é sequer uma reflexão, escrever é uma espécie de faculdade que temos ao lado da nossa pessoa, paralelamente a ela, de uma outra pessoa que aparece e que avança, invisível, dotada de pensamento, de cólera, e que, por vezes, pelos seus próprios factos, está em perigo de perder a vida.
Se soubéssemos alguma coisa do que vamos escrever, antes de o fazer, antes de escrever, nunca escreveríamos. Não valeria a pena.
Escrever é tentar saber aquilo que escreveríamos se escrevêssemos - só o sabemos depois - antes, é a interrogação mais perigosa que nos podemos fazer. Mas é também a mais corrente. "

Marguerite Duras, in "Escrever"

quarta-feira, 7 de julho de 2010

EM JEITO DE HOMENAGEM...


MISE
Eu fui ao cabeleireiro
E pedi:
- Faça-me uma mise por favor.

E o cabeleireiro respondeu:
- Com certeza, Mademoiselle!
Passadas duas horas,
Muita água quente, shampoo frio, tesouras, pentes, ganchos e calor
O cabeleireiro, ao fim, deu-me um espelhinho oval
Para as mãos
E disse:
- Tenha a bondade de olhar, Mademoiselle.
E eu tive a bondade; olhei o espelhinho oval
E mais o grande que já tinha em frente.
E falei para o espelhinho oval:
- Boa tarde, Senhora Dona.
Donde é que eu a conheço?
E o cabeleireiro, então, pôs muito fixador
Pf...Pf...Pf...Pf...Pf...
e eu cresci muito naquele dia.
Matilde Rosa Araújo, in Palavras de Cristal

terça-feira, 6 de julho de 2010

À ESCRITORA COM UMA FLOR NO NOME




Morreu a escritora Matilde Rosa Araújo, que se destacou com obras para crianças.
Matilde Rosa Araújo nasceu a 21 de Junho de 1921, e faleceu hoje, terça-feira, aos 89 anos, em casa, em Lisboa.

Destacou-se por uma vida dedicada aos problemas e aos direitos das crianças, temáticas que se reflectiram na sua obra; abordou a infância em três perspectivas-base: a infância feliz, a infância agredida e a infância como projecto.
Galardoada com o prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996, ao livro de poemas "Fadas Verdes", tem obra marcante, também, na literatura para adultos, nomeadamente com contos e poesia.


Os mais de 20 livros para crianças que publicou colocam a tónica na obra para os mais novos, o que lhe valeu, ainda, o Grande Prémio de Literatura para Criança da Fundação Calouste Gulbenkian, “ex-aequo” com Ricardo Alberty, em 1980; e o prémio para o melhor livro estrangeiro, com "O Palhaço Verde", atribuído pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, Brasil, em 1991.

Matilde Rosa Araújo recebeu, também, o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em Maio de 2004.



Um texto inédito de Matilde Rosa Araújo, intitulado "Florinda e o Pai Natal", vai ser editado, a título póstumo, em Outubro pela Calendário.