sexta-feira, 29 de novembro de 2013


UM POEMA

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga, in Diário XIII

quarta-feira, 27 de novembro de 2013


NOVIDADES EDITORIAIS

"Pensageiro Frequente", de Mia Couto
«A partida de futebol é sempre mais que o resultado. O mais belo num jogo é o que não se converte em pontos de classificação, é aquilo que escapa ao relatador da rádio, são os suspiros e os silêncios, os olhares e os gestos mudos de quem joga dentro e fora das quatro linhas.» Um reencontro com a escrita de Mia Couto num livro que se abre como uma aguarela das terras e das gentes de Moçambique.




"Chocolate", várias autoras 
Um livro escrito por seis autoras - Alice Vieira, Catarina Fonseca, Isabel Zambujal, Leonor Xavier, Maria do Rosário Pedreira e Rita Ferro - com seis histórias diferentes, seis receitas e uma paixão em comum: o chocolate.


"O Tempo das Crianças",
vários autores

Para apoiarem a organização SAVE THE CHILDREN no seu trabalho para acabar com a violência contra as crianças, grandes autores de todo o mundo juntaram-se para criar uma fascinante antologia de contos sobre a infância. Ficções ou memórias pessoais, felizes ou amargas, exploram e celebram a infância: o abuso e a rejeição, a solidão e o amor, as alegrias da amizade e da descoberta, e os primeiros sentimentos confusos do amor adolescente.
Selecionada e prefaciada pelo escritor Richard Zimler e por Raša Sekulović , tradutor e ativista dos direitos das crianças, esta antologia inclui contos originais de Margaret Atwood, André Brink, Dulce Maria Cardoso, Mia Couto, Junot Díaz, Nadine Gordimer, Elizabeth Hay, Lídia Jorge, Etgar Keret, Alberto Manguel, Ondjaki, Judith Ravenscroft, Ali Smith, Katherine Vaz, Patricia Volk e Richard Zimler.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

 25 DE NOVEMBRO, DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES


domingo, 24 de novembro de 2013

O EMPREGO


Um pequeno filme de animação que nos obriga a pensar sobre a sociedade em que vivemos...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013


O AUTORRETRATO

 No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
 às vezes me pinto árvore...
 às vezes me pinto coisas
 de que nem há mais lembrança...
 ou coisas que não existem
 mas que um dia existirão...
 e, desta lida, em que busco
 - pouco a pouco -
 minha eterna semelhança,
 no final, que restará?
 Um desenho de criança...
 Terminado por um louco!

Mário Quintana, Apontamentos de História Sobrenatural (1976)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013



AS MEMÓRIAS PROCRIAM COMO SE FOSSEM PESSOAS VIVAS

 Há pequenas impressões finas como um cabelo e que, uma vez desfeitas na nossa mente, não sabemos aonde elas nos podem levar. Hibernam, por assim dizer, nalgum circuito da memória e um dia saltam para fora, como se acabassem de ser recebidos. Só que, por efeito desse período de gestação profunda, alimentada ao calor do sangue e das aquisições da experiência temperada de cálcio e de ferro e de nitratos, elas aparecem já no estado adulto e prontas a procriar. Porque as memórias procriam como se fossem pessoas vivas.


Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'

sábado, 16 de novembro de 2013


Era uma vez uma menina que pediu ao pai que fosse apanhar a lua para ela. O pai meteu-se num barco e remou para longe. Quando chegou à dobra do horizonte pôs-se em bicos de sonhos para alcançar as alturas. Segurou o astro com as duas mãos, com mil cuidados. O planeta era leve como uma baloa.
Quando ele puxou para arrancar aquele fruto do céu se escutou um rebentamundo. A lua se cintilhaçou em mil estrelinhações. O mar se encrispou, o barco se afundou, engolido num abismo. A praia se cobriu de prata, flocos de luar cobriram o areal. A menina se pôs a andar ao contrário em todas as direções, para lá e para além, recolhendo os pedaços lunares. Olhou o horizonte e chamou:
— Pai!
Então, se abriu uma fenda funda, a ferida de nascença da própria terra. Dos lábios dessa cicatriz se derramava sangue. A água sangrava? O sangue se aguava? E foi assim. Essa foi uma vez.”


Mia Couto, in Contos do Nascer da Terra




Mia Couto vence Prémio Internacional Neustadt de Literatura 2014

O escritor moçambicano Mia Couto, cuja obra em Portugal é publicada pela Caminho, foi anunciado, na noite de 1 de novembro, como vencedor do prestigiado Prémio Internacional Neustadt de Literatura 2014, no valor de 50 mil dólares, promovido, nos Estados Unidos da América, pela Universidade de Oklahoma, pela família Neustadt e pela revista World Literature Today.
A lista de nomeados para o prémio da Bienal Internacional de Literatura Neustadt integrava, além de Mia Couto, o escritor japonês Haruki Murakami, o argentino César Aira, a vietnamita Duong Thu Huong, o ucraniano Ilya Kaminsky, o norte-americano Edward P. Jones, o sul-coreano Chang-rae Lee, o palestiniano Ghassan Zaqtan e Edouard Maunick, das Ilhas Maurícias.
Um dos elementos do júri, Gabriella Ghermandi, responsável pela nomeação de Mia Couto, diz que se trata de «um autor que se dirige não apenas ao seu país mas a todo o mundo, todos os seres humanos». O diretor da revista World Literature Today refere que Mia Couto «tem tentado remover o espetro do colonialismo da cultura moçambicana, procurando revigorar a sua língua. Mestre na prosa em português, quer afastar esse fardo, palavra a palavra, frase a frase, narrativa a narrativa, e nesta enorme tarefa tem poucos ou mesmo nenhum escritor que se lhe assemelha».
O Prémio Neustadt é atribuído de dois em dois anos e representa o único prémio internacional no qual romancistas, argumentistas e poetas são considerados de igual modo. Muitas vezes chamado o “Nobel Americano”, por causa das suas ligações ao Prémio Nobel da Literatura, o Prémio Neustadt é considerado um dos mais importantes prémios literários do mundo. Ao longo do seu historial, entre os seus jurados, nomeados e vencedores, vários, como Pablo Neruda, Gabriel García Márquez, Orhan Pamuk, Mo Yan e Alice Munro, entre outros, foram vencedores do Nobel da Literatura.
Mia Couto é o 23º vencedor do Neustadt Prize e estará pessoalmente no Neustadt Festival, na Universidade de Oklahoma, no outono de 2014, para o receber.

Ao escritor, os nossos mais sinceros parabéns!

In Leya online


sexta-feira, 15 de novembro de 2013



Agora as palavras

Obedecem-me agora muito menos
as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo-de-artifício.
Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?

ANDRADE, Eugénio de, Poesia, Fundação Eugénio de Andrade, 2000

quarta-feira, 13 de novembro de 2013




NÃO À JANELA DA INDIFERENÇA

Já se sabe que não somos um povo alegre (um francês aproveitador de rimas fáceis é que inventou aquela de que «les portugais sont toujours gais»), mas a tristeza de agora, a que Camões, para não ter de procurar novas palavras, talvez chamasse simplesmente «apagada e vil», é a de quem se vê sem horizontes, de quem vai suspeitando que a prosperidade prometida foi um logro e que as aparências dela serão pagas bem caras num futuro que não vem longe. E as alternativas, onde estão, em que consistem? Olhando a cara fingidamente satisfeita dos europeus, julgo não serem previsíveis, tão cedo, alternativas nacionais próprias (torno a dizer: nacionais, não nacionalistas), e que da crise profunda, crise económica, mas também crise ética, em que patinhamos, é que poderão, talvez — contentemo-nos com um talvez —, vir a nascer as necessárias ideias novas, capazes de retomar e integrar a parte melhor de algumas das antigas…

José Saramago, in Cadernos de Lanzarote (1994)



segunda-feira, 11 de novembro de 2013


CONCURSO “ACORDO ORTOGRÁFICO”

Todas as semanas, de segunda-feira a sexta-feira, será lançado um desafio a toda a comunidade escolar: professores, alunos e funcionários, sobre o novo acordo ortográfico. A resposta a cada desafio será divulgada na 2ª feira seguinte, aquando do lançamento de um novo desafio e assim sucessivamente. Os resultados finais (para cada categoria) só serão divulgados no fim do concurso, ou seja, após os vários desafios previstos, que poderão prolongar-se pelos três períodos, se a adesão assim o justificar.
Os professores. que queiram participar, poderão fazê-lo na sala de professores; os alunos, na biblioteca; os funcionários administrativos, na secretaria e os assistentes operacionais, na sala dos funcionários.
Em cada um desses locais serão colocados os desafios da semana, que deverão colocar dentro de uma caixa que aí ficará para esse efeito.
Desafiem-se a si próprios, participando!!!



O RECREIO

 Na minha Alma há um balouço
 Que está sempre a balouçar ---
 Balouço à beira dum poço,
 Bem difícil de montar...

 E um menino de bibe
 Sobre ele sempre a brincar...

 Se a corda se parte um dia
 (E já vai estando esgarçada),
 Era uma vez a folia:
 Morre a criança afogada...

--- Cá por mim não mudo a corda,
 Seria grande estopada...

 Se o indez morre, deixá-lo...
 Mais vale morrer de bibe
 Que de casaca... Deixá-lo
 Balouçar-se enquanto vive...

--- Mudar a corda era fácil...
 Tal ideia nunca tive...

Mário de Sá-Carneiro, Poesias, Verbo, 2009

domingo, 10 de novembro de 2013


O QUE PENSA JOSÉ LUÍS PEIXOTO…


Impossível é não Viver

Se te quiserem convencer de que é impossível, diz-lhes que impossível é ficares calado, impossível é não teres voz. Temos direito a viver. Acreditamos nessa certeza com todas as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo. Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de um único passo do seu/nosso caminho.
 Sabemos bem que é inútil resmungar contra o ecrã do telejornal. O vidro não responde. Por isso, temos outros planos. Temos voz, tantas vozes; temos rosto, tantos rostos. As ruas hão de receber-nos, serão pequenas para nós. Sabemos formar marés, correntes. Sabemos também que nunca nos foi oferecido nada. Cada conquista foi ganha milímetro a milímetro. Antes de estar à vista de toda a gente, prática e concreta, era sempre impossível, mas viver é acreditar. Temos direito à esperança. Esta vida pertence-nos.
 Além disso, é magnífico estragar a festa aos poderosos. É divertido, saudável, faz bem à pele. Quando eles pensam que já nos distribuíram um lugar, que já está tudo decidido, que nos compraram com falinhas mansas e autocolantes, mostramos-lhes que sabemos gritar. Envergonhamo-los como as crianças de cinco anos envergonham os pais na fila do supermercado. Com a diferença grande de não sermos crianças de cinco anos e com a diferença imensa de eles não serem nossos pais porque os nossos pais, há quase quatro décadas atrás, tiveram de livrar-se dos pais deles. Ou, pelo menos, tentaram.
 O único impossível é o que julgarmos que não somos capazes de construir. Temos mãos e um número sem fim de habilidades que podemos fazer com elas. Nenhum desses truques é deixá-las cair ao longo do corpo, guardá-las nos bolsos, estendê-las à caridade. Por isso, não vamos pedir, vamos exigir. Havemos de repetir as vezes que forem necessárias: temos direito a viver. Nunca duvidámos de que somos muito maiores do que o nosso currículo, o nosso tempo não é um contrato a prazo, não há recibos verdes capazes de contabilizar aquilo que valemos.
 Vida, se nos estás a ouvir, sabe que caminhamos na tua direção. A nossa liberdade cresce ao acreditarmos e nós crescemos com ela e tu, vida, cresces também. Se te quiserem convencer, vida, de que é impossível, diz-lhe que vamos todos em teu resgate, faremos o que for preciso e diz-lhes que impossível é negarem-te, camuflarem-te com números, diz-lhes que impossível é não teres voz.


José Luís Peixoto, in 'Abraço'


sexta-feira, 8 de novembro de 2013


CIRCO

No circo cheio de luz
Há tanto que ver!...

"Senhores!"
-Grita o palhaço da entrada,
Todo listrado de cores-
"Entrai, que não custa nada!
À saída é que se paga..."

O palhaço entrou em cena,
Ri, cabriola, rebola,
Pega fogo à multidão.

Ri, palhaço!

Corpo de borracha e aço
Rebola como uma bola,
Tem dentro não sei que mola
Que pincha, emperra, uiva, guincha,
Zune, faz rir!
  
José Régio, As Encruzilhadas de Deus


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CURIOSIDADES


No Oriente, o cisne é símbolo da música e da poesia, para além de representar a coragem, a nobreza, a prudência e a elegância. Na Índia, o cisne é montado pelo deus Brahma e simboliza a elevação espiritual. Na tradição celta, os espíritos do outro mundo regressam ao mundo dos vivos sob a forma de cisne. São os cisnes também os responsáveis por trazer as crianças ao mundo em muitas tradições.
Ao observá-los na natureza, podemos deduzir muitos significados. São aves intimamente ligadas à água. A água é o símbolo de fluidez, intuição, sonho, emoções, criatividade. Além disso, vive em harmonia entre três dos quatro elementos. Caminhando sobre a terra, voando a grandes alturas no ar e flutuando através das águas com elegância magnífica.

Uma rápida lista de palavras a que a imagem do cisne nos remete:
Amor,Graça,União,Pureza,Beleza,Sonhos,Balanço,Elegância,
Parceria.




O que diz Oscar Wilde dos sonhadores...



quarta-feira, 6 de novembro de 2013



Comemora-se hoje o aniversário do nascimento de Sophia de Mello Breyner.  Aqui fica a homenagem que lhe é prestada no Canto das Palavras.


Porque os outros se mascaram mas tu não
 Porque os outros usam a virtude
 Para comprar o que não tem perdão.
 Porque os outros têm medo mas tu não.
 Porque os outros são os túmulos caiados
 Onde germina calada a podridão.
 Porque os outros se calam mas tu não.

 Porque os outros se compram e se vendem
 E os seus gestos dão sempre dividendo.
 Porque os outros são hábeis mas tu não.

 Porque os outros vão à sombra dos abrigos
 E tu vais de mãos dadas com os perigos.
 Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen




AS AMORAS

 O meu país sabe a amoras bravas
 no verão.
 Ninguém ignora que não é grande,
 nem inteligente, nem elegante o meu país,
 mas tem esta voz doce
 de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
 Raramente falei do meu país, talvez
 nem goste dele, mas quando um amigo
 me traz amoras bravas
 os seus muros parecem-me brancos,
 reparo que também no meu país o céu é azul.

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 5 de novembro de 2013



“Este prémio não é meu, este prémio é de Angola”

Ondjaki vence Prémio José Saramago

Com o romance "Os transparentes" o escritor angolano vence a 8ª edição do prémio, que distingue autores com obra editada em língua portuguesa.
 Ondjaki, de 36 anos, é o vencedor do Prémio José Saramago 2013. A distinção foi anunciada hoje, no mesmo dia em que é publicado o seu novo livro, "Uma escuridão bonita", com ilustrações de António Jorge Gonçalves. É também o segundo galardão que o escritor recebe este ano, depois do Prémio Fundação Nacional do Livro Infantil.
A obra "Os transparentes" foi publicada em 2012 pela Editorial Caminho.
"Este prémio não é meu, este prémio é de Angola." Foi assim que Ondjaki agradeceu o prémio, no valor de 25 mil euros. "Eu não ando sozinho, faço-me acompanhar dos materiais que me passaram os mais velhos. Na palavra 'cantil' guardo a utopia, para que durante a vida eu possa não morrer de sede."

segunda-feira, 4 de novembro de 2013




TARDE DE MAIS...

 Quando chegaste enfim, para te ver
 Abriu-se a noite em mágico luar;
 E para o som de teus passos conhecer
 Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...

 Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
 Viu-se nessa hora o que não pode ser:
 Em plena noite, a noite iluminar
 E as pedras do caminho florescer!

 Beijando a areia de oiro dos desertos
 Procurara-te em vão! Braços abertos,
 Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

 E há cem anos que eu era nova e linda!...
 E a minha boca morta grita ainda:
 Por que chegaste tarde, ó meu Amor?!.


Florbela Espanca

sexta-feira, 1 de novembro de 2013



Hoje em dia, os jovens convivem cada vez menos em virtude das novas tecnologias. Há casos em que apenas conversam por meio da Internet, muitas vezes desconhecendo o seu interlocutor.

Foi este o comentário apresentado aos alunos do 9ºD para que escrevessem um texto argumentativo manifestando a sua posição face ao tema proposto.

Hoje em dia quem é que não tem um telemóvel? Quantas são as pessoas que estão a “ouvir” este texto que não têm facebook ou não estão ligadas a outras redes sociais?
A resposta é com certeza… ninguém! Ou, se não têm, estão a pensar em ter. Por isso, posso afirmar com a maior segurança que a Internet é a mais recente e a mais moderna “droga” dos jovens.
Pois! Eu não me enganei! Eu disse mesmo “droga”! Ou acham que estou a dizer alguma loucura?
Aposto que mais de metade das pessoas que aqui estão, a primeira coisa que fazem quando chegam a casa é ligar o computador e ir ao facebook.E admitam lá! Não é tão bom chegar a casa e ver mais um like na foto de perfil, ou então, ir ver o que o outro publicou?... Nunca vos aconteceu terem um teste no dia seguinte e dizerem para vocês mesmos: “vou só ver uma coisinha, não demora nem cinco minutos!”? E quando voltam a olhar para o relógio já passaram duas horas e ainda têm tudo para estudar!...
Mas sabem o que mais me enerva? São aquelas pessoas que se metem a falar com pessoas que não conhecem de lado nenhum! Vocês nem imaginam o que eu me rio quando pergunto “ Com quem estás a falar?”. “Com o Pedro… “,responde-me a pessoa. “Qual Pedro?” Continuo eu, insistindo.” Ah! É um amigo meu virtual!”, responde-me a mesma pessoa.
Aí, a única coisa que penso é “coitado/coitada”! Vai apanhar um desgosto, quando descobrir que, provavelmente, é só um “maluco” à procura de companhia!
 Existe tanta gente que acha que a tecnologia é uma coisa boa! Mas, quando lhes pergunto a razão, dizem sempre a mesma a coisa: “Sem a Internet como é que comunicamos?” Aí sim, não escondo um sorriso de gozo, e digo:” E então escrever uma carta? Aposto que um pai no estrangeiro ou uma avó doente preferem muito mais uma cartinha escrita à mão com personalidade do que um email sem graça nenhuma.”
Por isso, antes de este texto terminar e concluir o meu argumento, tenho um segredo para vos contar: ontem disse à minha mãe para me ir buscar à biblioteca, mas, depois, acabei por ficar na escola. Se a minha mãe não me tivesse telefonado, ainda hoje estaria na escola…
                                              … Por isso talvez a tecnologia não seja assim tão má!    

                                                                       Maria Beatriz Abrantes, 9ºD