quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

do orgulho que temos...

Um dos que por cá passou... A escola vai com ele, vai com todos...

Mariano Alejandro Tomasovic Ribeiro nasceu em Buenos Aires, em 1993.

Aos dez anos a sua família deixou a Argentina e estabeleceu-se em Portugal (Tavira). Estudou em várias Universidades, passando pelos cursos de História da Arte, Medicina e Psicologia, tendo uma licenciatura neste último e uma pós-graduação em Teoria da Literatura.
Colaborou com ficção e poesia nas revistas “Os Fazedores de Letras” (FLUL), “Modo de Usar & Co.”, “Flanzine” e “Enfermaria 6”, e escreve na secção de Literatura do Jornal i.
Antes da Iluminação é o seu primeiro livro de poemas, editado em 2016.
Em 2017, lançou, no Brasil, o livro Cabeça de Cavalo e, em Portugal, Carta em Fuga Para Cravo e Drá.


Antonin Artaud, de Mariano Alejandro

O poema começa com o Sr. Prufrock
A aparar os pelos do nariz
Com aquela tesourinha pequena
Então vem, diz ele
Till human voices wake us
E corta imediatamente para um  
Plano lato do celeiro em Paumanok
Ao amanhecer
O homem-pardo é o homem-montanha
Disso não há dúvida
Acordei hoje e soube logo  
Que a inclinação da janela
Para os lados da sombra
Com os lençóis suados e tudo
Era a melhor maneira de ler
Whitman
Mesmo com colheitas fracas
E com anos de seca
A vida permanece líquida
Num jeito que diz
De dentes cerrados
«O riacho voltou a correr» 
E a minha reacção é sempre
A mesma
Pões a quinta e roças-me
Gentilmente com as costas da mão  
Gordinha a perna
O joelho estremece
E as aves de passagem
Nem sei o que dizer


Aqui as manhãs sem neblina
Continuam a ser a melhor altura
Para ler Antonin Artaud
No jornal antigo engatafunhado
Por dísticos orientais
Dos tempos em que aprendia línguas
Na internet
A caneta rebentou no papel
Do jornal dizia 逸れる  
I’ve been lost and found
I’ve been lost and found
A montanha continua a ser
O melhor que aconteceu ao  
Meu diário
Depois disso, não sobrou ninguém
Mas é assim que funciona
O ar cá em cima, é sempre assim
Já o sabíamos
O Sr. Prufrock pousa
A tesourinha
Olha-se ao espelho
Fim do poema

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