sexta-feira, 1 de abril de 2011

recordo-me dele


Li este texto há mais de um ano, mas ainda me lembro do poder da sua última frase. As recordações partilhadas enriquecem qualquer um e, por isso, pedi autorização à autora deste texto, a professora Marta Paiva, para o publicar neste canto.

Gentilmente surripiado DAQUI


No dia 17 de Janeiro fez precisamente quinze anos que Miguel Torga morreu. Lembro-me como se fosse hoje. Tal como me lembro das vezes em que, adolescente, me cruzei, em Coimbra, com esse homem que parecia feito de pedra, da pedra de Trás-os-Montes, que ele tanto amava. Nessa altura, o livro «Novos Contos da Montanha» fazia parte do programa do 8.º ano. Acreditem que era bem mais difícil do que «Sexta-Feira ou a Vida Selvagem» ou «O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá»!! Por isso, olhava para Miguel Torga com um misto de admiração e raiva por ter escrito aquele livro cuja leitura tinha sido tarefa tão árdua. Sentia um certo fascínio por aquela figura, pois achava que a pedra de que me parecia feito seria apenas uma capa ou uma armadura. Mais tarde, ao penetrar na sua obra, pude comprová-lo: era, afinal, feito de uma grande humanidade!Hoje, lamento nunca o ter interpelado. Talvez tivesse conseguido arrancar-lhe um sorriso. Um sorriso que seria só meu.

Marta Paiva

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