sábado, 28 de setembro de 2013

 
 
POEMA SOBRE O AMOR ETERNO
Inventaram um amor eterno. Trouxeram-no em braços para o meio das pessoas e ali ficou, à espera que lhe falassem. Mas ninguém entendeu a necessidade de sedução. Pouco a pouco, as pessoas voltaram a casa convictas de que seria falso alarme, e o amor eterno tombou no chão. Não estava desesperado, nada do que é eterno tem pressa, estava só surpreso. Um dia, do outro lado da vida, trouxeram um animal de duzentos metros e mil bocas e, por ocupar muito espaço, o amor eterno deslizou para fora da praça. Ficou muito discreto, algo sujo. Foi como um louco o viu e acreditou nas suas intenções. Carregou-o para dentro do seu coração, fugindo no exato momento em que o animal de duzentos metros e mil bocas se preparava para o devorar.
Valter Hugo Mãe, in "contabilidade"


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