quarta-feira, 2 de outubro de 2013


    Foi proposto aos alunos do 9ºD para escreverem um comentário crítico sobre uma situação da sociedade que os incomodasse particularmente. A Maria Beatriz Abrantes inspirou-se na linguagem irónica de António Lobo Antunes, na crónica “A consequência dos semáforos” e escreveu sobre…





O tempo

Detesto o tempo e o melhor é nem dizer o que penso do relógio!... E ele detesta-me igualmente, não acreditam? Pois eu explico-vos: em primeiro lugar, graças a ele, estou sempre atrasada. Os meus amigos, professores, conhecidos e desconhecidos culpam-me sempre a mim, quando a verdade é que a culpa não é minha, mas sim do tempo que me está sempre a tramar. E, como se isso não bastasse, quando tenho pressa, ele passa a correr, mas quando não tenho pressa nenhuma ou estou, por assim dizer, a apanhar uma “seca”, ele passa tão devagar!… E ainda existem pessoas que têm o descaramento de me dizer que o tempo não é um problema da sociedade! Pois fiquem sabendo que foi uma sociedade que criou este monstro com ponteiros e números e algures na sua criação os mais antigos ordenaram-lhe que me odiasse.
Mas não se preocupem, que eu sei como destruir e domar este monstro! Vou deitar fora o relógio, vou parar com aquele tic-tac tic-tac tic-tac infernal, tirando-lhe as pilhas.
Mas, para meu grande espanto, mesmo depois de o fazer, continuei a ouvir reclamações por chegar tarde e nem foi por isso que o tempo parou de voar ou de se atrasar.
E, para finalizar a minha conclusão, tenho uma história para vocês. Um dia, fui ao cinema com os meus amigos e, magicamente, cheguei cedo, mas um amigo meu chegou tarde e todos ralharam com ele. Aí percebi que, afinal, os mais antigos não tinham mandado o tempo odiar-me, mas sim toda a humanidade. 

Maria Beatriz Abrantes, 9ºD

 



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