Foi proposto aos
alunos do 9ºD para escreverem um
comentário crítico sobre uma situação da sociedade que os incomodasse particularmente.
A Maria
Beatriz Abrantes inspirou-se na linguagem irónica de António Lobo
Antunes, na crónica “A consequência dos semáforos” e escreveu
sobre…
O tempo
Detesto
o tempo e o melhor é nem dizer o que penso do relógio!... E ele detesta-me
igualmente, não acreditam? Pois eu explico-vos: em primeiro lugar, graças a ele,
estou sempre atrasada. Os meus amigos, professores, conhecidos e desconhecidos
culpam-me sempre a mim, quando a verdade é que a culpa não é minha, mas sim do
tempo que me está sempre a tramar. E, como se isso não bastasse, quando tenho
pressa, ele passa a correr, mas quando não tenho pressa nenhuma ou estou, por
assim dizer, a apanhar uma “seca”, ele passa tão devagar!… E ainda existem
pessoas que têm o descaramento de me dizer que o tempo não é um problema da
sociedade! Pois fiquem sabendo que foi uma sociedade que criou este monstro com
ponteiros e números e algures na sua criação os mais antigos ordenaram-lhe que
me odiasse.
Mas
não se preocupem, que eu sei como
destruir e domar este monstro! Vou deitar fora o relógio, vou parar com aquele
tic-tac tic-tac tic-tac infernal, tirando-lhe as pilhas.
Mas,
para meu grande espanto, mesmo depois de o fazer, continuei a ouvir reclamações
por chegar tarde e nem foi por isso que o tempo parou de voar ou de se atrasar.
E,
para finalizar a minha conclusão, tenho uma história para vocês. Um dia, fui ao
cinema com os meus amigos e, magicamente, cheguei cedo, mas um amigo meu chegou
tarde e todos ralharam com ele. Aí percebi que, afinal, os mais antigos não
tinham mandado o tempo odiar-me, mas sim toda a humanidade.
Maria Beatriz Abrantes, 9ºD
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