“Jorge Luís Borges
soube que tinha morrido quando, tendo fechado os olhos para melhor escutar o
longínquo rumor da noite crescendo sobre Genebra, começou a ver. Distinguiu
primeiro uma luz vermelha, muito intensa, e compreendeu que era o fulgor do sol
filtrado pelas suas pálpebras. Abriu os olhos, inclinou o rosto, e viu uma
fileira de densas sombras verdes. Estava estendido de costas numa plantação de
bananeiras. Aquilo deixou-o de mau humor. Bananeiras?! Ele sempre imaginara o
paraíso como uma enorme biblioteca: uma sucessão interminável de corredores,
escadas e outros corredores, ainda mais escadas e novos corredores, e todos
eles com livros até ao teto".
Substância
do Amor é
um livro fácil de devorar. Para quem não tem muito tempo ou paciência para uma
longa obra, este é o livro ideal. Vai-se devorando aos poucos. As histórias
aparecem como forma de crónicas suaves, de fácil consumo. O género permite
mesmo certas liberdades assemelhando-se a apontamentos do escritor, um bloco de
notas que se expõe ao entendimento dos autores. Estas notas que se vão tomando
ao longo dos dias, parecem ter em vista uma continuação, uma futura obra,
talvez.
Este livro está cheio de
humor negro, de ironia mordaz, de observações perspicazes sobre o estado do
mundo que nos rodeia (ou seja, sobre nós próprios).
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