quarta-feira, 9 de outubro de 2013

 
 
Jorge Luís Borges soube que tinha morrido quando, tendo fechado os olhos para melhor escutar o longínquo rumor da noite crescendo sobre Genebra, começou a ver. Distinguiu primeiro uma luz vermelha, muito intensa, e compreendeu que era o fulgor do sol filtrado pelas suas pálpebras. Abriu os olhos, inclinou o rosto, e viu uma fileira de densas sombras verdes. Estava estendido de costas numa plantação de bananeiras. Aquilo deixou-o de mau humor. Bananeiras?! Ele sempre imaginara o paraíso como uma enorme biblioteca: uma sucessão interminável de corredores, escadas e outros corredores, ainda mais escadas e novos corredores, e todos eles com livros até ao teto".
Substância do Amor é um livro fácil de devorar. Para quem não tem muito tempo ou paciência para uma longa obra, este é o livro ideal. Vai-se devorando aos poucos. As histórias aparecem como forma de crónicas suaves, de fácil consumo. O género permite mesmo certas liberdades assemelhando-se a apontamentos do escritor, um bloco de notas que se expõe ao entendimento dos autores. Estas notas que se vão tomando ao longo dos dias, parecem ter em vista uma continuação, uma futura obra, talvez.
Este livro está cheio de humor negro, de ironia mordaz, de observações perspicazes sobre o estado do mundo que nos rodeia (ou seja, sobre nós próprios).


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