sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Foi proposta uma atividade de escrita aos alunos do 9ºC e D. Após terem ouvido uma notícia sobre um sem-abrigo que foi apanhado a roubar chocolates no valor de 14 euros e 34 cêntimos e uma idosa que tentou roubar um creme de beleza no valor de 3 euros e 99 cêntimos e tendo sido vítimas de uma justiça demasiado pesada que envolve custos avultados ao estado, que desafio foi lançado? Teriam de assumir o papel de um dos arguidos da notícia que tinham ouvido e redigir uma carta dirigida ao juiz encarregue do processo a pedir a absolvição da sua pena, apresentando, para isso, argumentos convincentes. Eis a carta da Maria Beatriz Carmo.



Manuela da Silva Monteiro
Rua Tomás Almeida lote 3, 2.º andar    Tribunal de S.Pedro, Lisboa, 21/11/2013

Assunto: Pedido de Absolvição

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal de Lisboa

 Na passada quinta-feira, fui apanhada a roubar um creme antirrugas no Lidl cá da cidade.
Sei que roubar é um ato condenável, mas na altura não sei bem o que me passou pela cabeça.
Toda a minha vida gostei de cuidar de mim mesma, mas nasci numa família com fracas condições económicas. Então nunca pude demonstrar os meus dotes com a estética.
Consegui um emprego num cabeleireiro, sendo pouco depois despedida. Fiquei a viver à base do que o banco alimentar me fornecia e os meus dias eram passados na fila da segurança social. A crise veio a agravar toda a situação e agora só resta esta pequena e pobre velhota de setenta e três anos, sem filhos ou netos que a possam sustentar.
Não me consigo lembrar da razão de ter ido àquele supermercado. Eu, que não tenho poder de compra, que não tenho senão uns meros trocos na minha carteira. Talvez quisesse relembrar todo aquele ambiente agitado de pessoas a entrarem e a saírem, do barulho repetitivo das máquinas e dos carrinhos que desfilam pelos corredores estreitos dos expositores.
Avancei para a zona dos cosméticos e regalei os meus olhos naquela beleza. Como eu desejava levar todos aqueles produtos para casa!... Infelizmente, eu sabia que aquilo não seria possível e, talvez por isso, eu tenha pegado naquele antirrugas e ao recontar as moedas que estavam na minha carteira e que não chegavam para o pagar, o tenha enrolado no meu casaco e tentado fugir com ele.
Era impossível ter resistido. Provavelmente iria ficar de consciência pesada e devolvê-lo depois de o experimentar, porque eu não sou uma ladra e jamais permitirei que alguém me trate como tal.
Eu nunca na vida roubei nada a ninguém e o furto que cometi não tem razão nenhuma de ir a tribunal. Afinal, era só um creme barato de marca branca e as despesas que o estado irá ter não compensariam, pois acabei por devolver o creme sem sequer chegar a utilizá-lo.
Penso que, em vez de perdermos tempo a discutir o caso de uma idosa que teve uma recaída e roubou um antirrugas do mais barato que há, o senhor juiz poderia estar a ocupar-se em tentar prender verdadeiros criminosos que andam por aí à solta.
Sei que cometi um crime e devo ser punida por tal ato. Então deixo-lhe o pedido de pensar na possibilidade de me colocar a prestar serviços comunitários.

Na expectativa de uma resposta favorável ao meu pedido, subscrevo-me, com os melhores cumprimentos.                                                                                                                               
                                                                                                        Manuela Monteiro

Maria Beatriz Carmo, 9ºD

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